Brasília – Em um passo inédito na educação ambiental global, o Brasil tornou-se o primeiro país a incorporar a cultura oceânica aos currículos escolares nacionais. A decisão foi formalizada nesta semana, durante o Fórum Internacional Currículo Azul, realizado na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília, com a presença de representantes da Unesco.
O compromisso foi oficializado por meio de um Protocolo de Intenções que reforça a educação como ferramenta estratégica na construção de uma relação mais consciente e sustentável com os oceanos. A iniciativa consolida o papel do Brasil como referência global na promoção da educação oceânica.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou o protagonismo brasileiro na área, mencionando ações como o Programa Escola Azul, que forma jovens embaixadores do oceano, promove a Olimpíada do Oceano e mobiliza universidades na formação de professores.
> “O lançamento do Currículo Azul não é o começo, mas a consolidação de um processo coletivo e comprometido com o futuro. Um país que compreende a importância do oceano está mais preparado para enfrentar os desafios do século 21”, afirmou a ministra.
O reconhecimento internacional veio pelas mãos de Vidar Helgesen, diretor-geral assistente da Unesco, que elogiou o papel de liderança do Brasil no lançamento da política educacional voltada ao oceano.
> “Essa iniciativa reflete nossa missão: unir governos e ciência em prol do oceano que precisamos para o futuro que queremos. E isso só se alcança por meio da educação”, disse.
A visão foi reforçada por Francesca Santoro, da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, para quem o Currículo Azul simboliza a transformação do conhecimento científico em ação concreta.
> “O Brasil mostra que é possível fazer educação baseada em ciência, com participação de educadores, alunos e comunidades. Isso é a essência da Década do Oceano da ONU”, declarou.
O documento assinado tem origem em um processo participativo que começou em 2020, com oficinas realizadas em todas as regiões do país. A inclusão da cultura oceânica foi apontada como prioridade pelos participantes.
Segundo o professor Ronaldo Christofoletti, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o currículo responde a um desejo coletivo.
> “É um retorno à essência de um país que, por sua geografia, história e cultura, é profundamente ligado ao mar”, afirmou.
Fórum Currículo Azul: ciência, educação e clima
O Fórum Internacional Currículo Azul promoveu a troca de experiências entre países e destacou a importância da educação na construção de sociedades resilientes às mudanças climáticas. A proposta é envolver todas as áreas do conhecimento na valorização de um oceano saudável e no enfrentamento de desafios globais como segurança alimentar, economia azul sustentável e diversidade de saberes.