O Brasil foi formalmente confirmado como sede da COP 30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém, entre 10 e 21 de novembro de 2025. O anúncio foi oficializado durante sessão plenária da COP 28, em Dubai. Será a primeira vez que a Amazônia sediará uma COP. A notícia foi anunciada pela ministra da Meio Ambiente, Marina Silva, na segunda-feira (11).
O governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou que o estado não poderá oferecer a infraestrutura de uma COP como a de Dubai, mas ressaltou as virtudes de se discutir preservação ambiental em meio à maior floresta tropical do mundo.
— Quem desejar discutir meio ambiente na Floresta Amazônica, estão todos convidados a estar no estado do Pará. Nós não queremos apresentar a riqueza fruto da construção de um questionamento do que hoje deve ser repensado dentro de um processo de transição energética. Nós queremos aproveitar a COP de Belém para apresentar a floresta. Muita gente fala de nós, atribui a nós responsabilidades. Muitos apontam o dedo e nos recriminam, mas muito poucos nos conhecem. Muito poucos sabem da realidade na Amazônia. O que nós queremos na COP em Belém é que estes que estão aqui em Dubai impressionados com a suntuosidade e beleza, estrutura desta cidade, possam ficar impressionados com a maior floresta tropical do planeta — disse Barbalho.
Na avaliação do coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, o Brasil teve uma atividade extraordinária na COP 28 com a presença massiva de ministros de Estado, parlamentares e sociedade civil. Ele destacou a ênfase que o país deu à região amazônica com protagonismo do governador do Pará, Helder Barbalho, que teve intensa atividade no evento mostrando a importância de uma conferência do clima ser sediada no bioma mais importante para o meio ambiente.
— Sobretudo o Brasil trouxe para a COP 28 a necessidade de se aliar sustentabilidade na Amazônia à redução da desigualdade social. Não é uma tarefa fácil, mas o Brasil vai ter que se dedicar ao longo das próximas décadas. Isso também não vai ser feito em um ou dois anos, mas a Amazônia é chave na questão das mudanças climáticas globais — destacou.
Para o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Brasil, embaixador André Corrêa do Lago, a participação do Brasil mostra a importância que o país dá à questão ambiental.
— Como disse o primeiro ministro da Noruega [Jonas Gahr Store], a redução do desmatamento no Brasil este ano é a melhor notícia do clima do ano, no mundo inteiro. Então o Brasil foi muito bem recebido e mostrou que está fazendo o trabalho em casa e ainda mostrando propostas ousadas e avançadas, demonstrando total confiança do governo brasileiro na ciência — avaliou.
Também presente à COP 28, o líder indígena Marcos Sabaru, do povo Tingui-Botó, em Alagoas, cobrou menos discussão e mais ações concretas durante as COPs.
— Que seja colocado em prática aquilo que já é muito discutido: o desenvolvimento sustentável. O mundo está em colapso, é necessária uma postura da sociedade e dos países. Rever sua postura quanto ao uso da terra, lixo, exploração, mineração, desmatamento e consumismo. Acho que a sociedade precisa fazer esse exercício e entender se vai querer continuar viva ou vai passar pelas dificuldades. Quando as dificuldades vierem, e elas virão, aqueles países que têm mais recursos terão mais facilidade de se protegerem. Aqueles que têm menos recursos sofrerão mais, como sempre — alertou.
Questionado sobre a repercussão negativa pela entrada do Brasil na Opep+ como membro observador, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, afirmou que é importante a participação nos debates da organização.
— Porque o Brasil é uma grande economia que produz muito petróleo, consome muito produto derivado de petróleo, exporta mais de 1,5 milhão de barris/dia, mas tem uma matriz energética limpa, mais limpa que todas as nações mais fortes do mundo e economias grandes e médias do mundo. E não há nada de errado em participar desse grupo.
A presidência da COP-28 também divulgou na segunda o rascunho do texto do Global Stocktake, balanço global sobre o Acordo de Paris. Mas a redação decepcionou a comitiva brasileira por não ter sido mais incisiva quanto à redução de combustíveis fósseis. A ministra Marina Silva comentou que o texto ainda pode ser modificado e que aguarda um aprimoramento da redação nesse sentido.
Fonte: Agência Senado