Os manguezais, ecossistemas costeiros que formam a transição entre terra e mar, são berçários de vida e peça-chave na conservação da biodiversidade e do equilíbrio climático. Apesar de sua importância, apenas 5% dos recursos dos oceanos são conhecidos, alerta Carolina Waite, pesquisadora da ONG Guardiões do Mar. Foi com essa reflexão que o AquaRio, no Rio de Janeiro, promoveu debates ao longo do segundo semestre de 2024, encerrando hoje (21) a série de rodas de conversa “AquaEduca – Saberes dos Povos do Mar, Juventudes e Comunidades Tradicionais”.
O destaque do encontro de novembro, sob o tema Conexões do Mangue, foi a participação de lideranças de pescadores e catadores de caranguejo da Baía de Guanabara. A roda de conversa, mediada por Waite, reuniu representantes como Rafael dos Santos, da Associação de Caranguejeiros de Magé, e Alaildo Malafaia, da Cooperativa Manguezal Fluminense. A pauta: o papel essencial das comunidades locais na preservação desses ecossistemas ameaçados.
“As pessoas que vivem próximas aos manguezais têm conhecimento sustentável, que pode subsidiar políticas públicas para a conservação desse ambiente tão importante”, destacou Waite.
Desafios e benefícios
Os manguezais enfrentam crescentes ameaças causadas pela ação humana: expansão urbana, pesca industrial, exploração de recursos naturais e descarte inadequado de resíduos. Apesar disso, continuam fornecendo serviços ecossistêmicos cruciais.
“Além de serem berçários naturais para várias espécies, os manguezais sequestram carbono, ajudando a mitigar o efeito estufa. Eles também sustentam comunidades que dependem da pesca para sobreviver, ligando biodiversidade marinha à cadeia produtiva das famílias locais”, explicou Waite.
A campanha Manguezal: Berçário de Vida, lançada em 2024, vai além dos debates. Até janeiro de 2025, uma instalação imersiva no AquaRio apresenta os ecossistemas de Restinga, Manguezal e Mar Aberto. Além disso, três salas educativas oferecem experiências interativas para conscientizar o público sobre a importância da conservação.
A iniciativa é apoiada por organizações como a Rede Nós da Guanabara e o projeto Do Mangue ao Mar, da ONG Guardiões do Mar, em parceria com a Transpetro.
Com apenas uma fração dos oceanos explorada, a década dos oceanos traz à tona o papel de iniciativas que integram ciência e saberes locais. Para Waite, a fusão desses conhecimentos é essencial para a preservação sustentável.
“Conservar os manguezais significa proteger o futuro da biodiversidade e das comunidades que deles dependem. Precisamos olhar para esses territórios como patrimônio essencial para a vida”, concluiu a pesquisadora.
O encerramento da série de debates marca mais um passo na luta pela preservação dos manguezais, mas o compromisso continua. Afinal, garantir o futuro dos oceanos é, também, preservar as raízes do nosso planeta.