A campanha Agosto Branco, lançada nesta quinta-feira (1º), foca na conscientização sobre o câncer de pulmão e alerta para o crescente uso de cigarros eletrônicos entre os jovens. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), as estimativas para câncer de traqueia, brônquio e pulmão no Brasil para o triênio 2023-2025 são de 32.560 novos casos por ano. No Rio de Janeiro, estima-se que surjam três mil novos casos anualmente, com uma divisão quase igual entre homens e mulheres.
“O câncer de pulmão é uma doença extremamente prevenível, e a conscientização sobre os sinais e sintomas é essencial”, destacou Luiz Henrique Araújo, oncologista clínico do Inca. Ele enfatizou que a maioria dos casos está associada ao tabagismo, tornando as campanhas antitabagismo fundamentais para minimizar o risco da doença. Araújo também recomendou que fumantes consultem médicos regularmente e considerem tomografias anuais de baixa dose para detectar lesões precoces.
Tatiane Montella, oncologista torácica da Oncoclínicas no Rio de Janeiro, reforçou a forte ligação entre tabagismo e câncer de pulmão, apontando que 80% dos pacientes com a doença tiveram alguma exposição ao tabaco. Ela ressaltou que a prevenção é a principal ação para diminuir a incidência de câncer de pulmão e alertou sobre o aumento do uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre jovens de 18 a 24 anos.
Apesar da proibição pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o consumo de cigarros eletrônicos continua a crescer. Montella destacou que os efeitos a longo prazo ainda não são completamente compreendidos, mas os prejuízos a curto prazo já incluem doenças pulmonares intersticiais agudas e potencial relação com o câncer de pulmão. “A incidência do cigarro eletrônico está aumentando nessa população jovem, e isso está criando uma futura geração de pacientes de câncer de pulmão”, alertou Luiz Henrique Araújo.
O diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, enfatizou a importância de manter a proibição do cigarro eletrônico e reforçar a política de controle do tabaco, especialmente diante da pressão da indústria para liberar o produto no Brasil. Ele lembrou que, apesar dos avanços na medicina, o câncer de pulmão ainda apresenta alta letalidade, com mais de 30 mil novos casos e óbitos por ano no país.
A campanha Agosto Branco também promoverá ações educativas e de sensibilização, visando principalmente os jovens. No Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto, a Fundação do Câncer lançará a campanha “Vape Off”, focada nos malefícios do cigarro eletrônico. A campanha incluirá um desafio universitário para desenvolver projetos que conscientizem sobre os riscos do cigarro eletrônico.
Paulo Corrêa, coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), destacou a importância do rastreamento de câncer de pulmão, que pode salvar vidas. Ele incentivou a cessação do tabagismo, convencional ou eletrônico, explicando que a redução do risco de câncer de pulmão aumenta significativamente com o tempo sem fumar.
A campanha Agosto Branco deste ano não só aborda os riscos do tabagismo tradicional, mas também alerta para o perigo crescente dos cigarros eletrônicos. Com foco na prevenção e educação, as autoridades de saúde esperam diminuir a incidência de câncer de pulmão e proteger a saúde das futuras gerações.