Milton Friedman, um dos maiores economistas americanos, afirmou que só uma crise leva, de fato, à mudança. Na crônica anterior, enumeramos alguns dados positivos na área de inovação e tecnologia, os quais só passaram a acontecer em razão do cenário pandêmico, a despeito dos prejuízos emocionais, financeiros e materiais que todos nós ainda estamos suportando.
Dentro desse mesmo cenário, queremos destacar o protagonismo da Universidade Federal do Maranhão, uma das maiores e melhores instituições universitárias brasileiras, que tem como objetivos primordiais – além, é claro, do respeito e compromisso com o fator humano – a desburocratização e modernização, aliadas à transparência e aos caros princípios da boa governança. Assumimos novo mandato, em novembro de 2019, comprometido em retomar o caminho que havíamos iniciado nas nossas gestões anteriores, de olhos voltados para a melhoria dos índices de inovação, no ensino, na pesquisa e na extensão.
Uma das primeiras medidas foi investir na área de tecnologia de informação e comunicação, com treinamento de pessoal, aquisição de novos materiais, fornecimento de novas e modernas ferramentas digitais e parcerias, que nos possibilitaram preparar nossa comunidade para avançar nesse terreno. Dessa forma, fomos pioneiros, pois, em março de 2020, adotamos a primeira medida de enfrentamento à grave crise sanitária que recém se instalava no país, fruto da disseminação do coronavírus. Com o apoio de um comitê operacional de emergência e de enfrentamento da pandemia, determinamos a suspensão de aulas e atividades dos servidores, técnicos e professores. Mas não ficamos paralisados: por meio do home office e do ensino remoto, avançamos.
Um dos estudiosos de tendências do mundo pós-pandêmico – o suíço Gerd Leonhard, fundador da The Futures Agency – prega que viveremos cada vez mais mediados pelas tecnologias, sendo a educação e o trabalho os novos pontos de revolução. Nesses quesitos, orgulhamo-nos de constatar que já estávamos preparados para o que parecia apenas previsão de um futuro ainda incerto. Resguardamos saúde e integridade física de milhares de pessoas que compõem nossa comunidade, por meio de tecnologias já disponíveis, a exemplo das ferramentas da plataforma G-Suite para a Educação, Office 365 em nuvem e fizemos parcerias com a IBM que nos permitiram acessar plataformas de Inteligência Artificial.
Em relação aos docentes, que repentinamente se viram às voltas com o desafio de ministrar aulas de forma remota, primordial foi o trabalho desenvolvido pela
Diretoria de Tecnologia da Educação que realizou centenas de treinamentos e webinários para familiarizá-los com as facilidades ofertadas pelo drive ilimitado para guarda dos conteúdos, Google Sala de Aula, Google Meet, Microsoft Teams, Mconf, entre outras. Inovação com qualidade e integridade nos permitiu adotar uma avançada plataforma de ensino – inclusiva e inovadora.
Para os alunos que, em junho do ano passado, optaram pelo ensino remoto, aprimoramos e aperfeiçoamos o Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA). E, não só disponibilizamos certificados e matrículas digitais para eles, mas também nos preocupamos em atender àqueles excluídos digitais, sem acesso aos aparelhos ou conexão à internet. Adquirimos e distribuímos milhares de chips de dados com franquia ilimitada para os discentes e tablets para aqueles que não possuíam nenhum equipamento de acesso. Licenças para acesso aos e-mails institucionais foram liberadas e possibilitamos acessos a renomados softwares educacionais, a exemplo do MATLAB e Simulink, este último em fase de liberação.
Ousamos dizer que a pandemia não nos encontrou despreparados, pelo menos do ponto de vista educacional. A The Futures Agency constatou que, no mundo antes da Covid 19, apenas 5% da população mundial trabalhava e estudava home office. Esse número saltou para 30% até agora. A sonhada vacinação em massa em solo brasileiro ainda não se fez realidade e seguimos o protocolo de enfrentamento sanitário que não dispensa máscaras, distanciamento social e uso de álcool em gel. Mas nós, que fazemos a Universidade Federal do Maranhão, estamos determinados a realizar sonhos; a conquistar novos desafios; a expandir o conhecimento; a engrandecer a sociedade que tanto de nós espera. Ousamos dizer: a UFMA também antecipou o futuro.
*Médico Nefrologista, Reitor da UFMA, Titular da Academia Nacional de Medicina, Academia de Letras do MA e da Academia Maranhense de Medicina.