Há 75 anos, em 8 de julho de 1948, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi estabelecida, tornando-se uma luz brilhante na senda do desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil. Essa data inspirou a criação do Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, ocasiões que buscam aguçar o interesse público pela ciência e enfatizar sua relevância na melhoria da qualidade de vida e no progresso do país.
A formação da SBPC e os desafios atuais
A formação da SBPC ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, período em que o mundo começou a reconhecer a ciência como um pilar fundamental para o avanço social e econômico. Hoje, enquanto celebramos avanços como a maior participação das mulheres na ciência, também enfrentamos desafios significativos.
Um dos principais desafios é a necessidade de mais investimentos adequados na área de ciência, tecnologia e inovação. O Brasil continua altamente dependente da exportação de commodities e da importação de tecnologia, uma dinâmica que beneficia economias estrangeiras mais avançadas. Para alcançar verdadeiro desenvolvimento e independência, o Brasil precisa fazer progressos substanciais em áreas estratégicas, incluindo defesa nacional, produção de energia, insumos básicos, medicina, logística e transporte, agricultura e tecnologias emergentes.
Commodity vs Tecnologia: a dependência do Brasil
A realidade atual do Brasil é marcada por um paradoxo: temos centros de excelência em ciência e tecnologia, mas continuamos a ser um grande importador de produtos acabados e um massivo exportador de matérias-primas. Isso nos deixa vulneráveis aos interesses geopolíticos de potências estrangeiras.
Esse desequilíbrio está evidente na lista de produtos mais exportados pelo Brasil em 2020, dominada por soja, petróleo e minério de ferro. Esse quadro reflete um processo de “desindustrialização” em curso nas últimas três ou quatro décadas.
A necessidade de Industrialização e agroindustrialização
Possuímos grandes reservas de recursos naturais como petróleo, minério de ferro, bauxita, nióbio e alumínio. No entanto, a falta de refinarias e tecnologia de beneficiamento resulta na exportação desses materiais em estado bruto e na importação de produtos refinados e tecnologia estrangeira.
A industrialização e a agroindustrialização são vistas como maneiras eficazes de gerar empregos e distribuir a riqueza no Brasil, especialmente em regiões mais pobres como o Nordeste e a Amazônia. Apesar do papel significativo da EMBRAPA na promoção da produção agropecuária, a produção e comercialização de insumos ainda estão nas mãos de grandes empresas multinacionais.
Biodiversidade e Ciências Sociais: recursos subaproveitados
O Brasil possui um enorme potencial na sua biodiversidade para a produção de medicamentos, embora esteja sob ameaça devido ao desmatamento e queimadas. A indústria farmacêutica é dominada por empresas estrangeiras que importam insumos.
Além disso, as ciências sociais são uma área frequentemente negligenciada que precisa de mais pesquisa para melhorar a educação e a alfabetização em massa. A importância da ciência e da saúde foi ressaltada pela pandemia da COVID-19, onde a educação insuficiente em ciência resultou em uma tendência negacionista.
Para um futuro melhor: fortalecer a ciência no Brasil
Fortalecer a ciência no Brasil implica em estabelecer parcerias sólidas entre universidades, poder público e a iniciativa privada. Essas alianças podem promover a independência tecnológica e econômica, melhorar a qualidade de vida e reduzir as desigualdades sociais.
Ao comemorarmos o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, devemos não apenas celebrar o progresso feito, mas também reconhecer e agir sobre os desafios que ainda temos pela frente. Afinal, a ciência não é apenas sobre descobertas; é sobre como usamos essas descobertas para criar um futuro melhor para todos.
Por Marcony Edson