Recordando a minha infância, lembro que juntamente com os meus irmãos mais novos, já na hora de dormir, minha mãe nos reunia em seu quarto e sentados em sua cama, aprendíamos com ela algumas orações, como: o Pai Nosso, Ave Maria, Salve Rainha, Creio em Deus Pai e Santo Anjo do Senhor. Confesso a vocês que foi nesta igreja doméstica que aprendemos quem era Deus e as primeiras orações.
Nossa mãe, mesmo com pouco estudo, mas com uma fé e devoção inabalável, nos deu o exemplo e foi nossa primeira catequista em nosso lar. Uma de suas preocupações era que tivéssemos uma educação na fé, portanto, paralelo ao ensino fundamental nós frequentávamos a catequese em uma pequena Capela da comunidade São José dos Índios, onde dávamos continuidade ao que aprendíamos em casa e aprofundávamos o conhecimento de Deus.
De lá até aqui, hoje como Sacerdote, vejo como foi importante em minha vida essa primeira experiência de Deus no seio familiar. Contudo, tenho percebido que muitas coisas mudaram: crianças que não sabem quem é Deus ou têm uma imagem negativa, como Aquele que castiga. Não há por parte dos pais a motivação de levá-las à igreja, tão pouco frequentarem a catequese.
Semelhante a essa realidade não são favorecidas em seus lares por momentos de orações onde poderão ter uma profunda e inesquecível experiência de Deus. As famílias justificam a falta de tempo, o excesso de responsabilidades, porém, nesse momento, onde todos estão ‘confinados’ em suas casas por conta do isolamento social, obrigados a passarem 24 horas juntos, dividindo o mesmo espaço, faço a seguinte reflexão: os pais estão alimentando a fé, a esperança e educando os filhos no caminho de Deus? É missão deles, na condição de primeiros educadores, nutrirem a fé de seus filhos, conduzindo-os nos primeiros passos do caminho que devem seguir e, para isso, é necessário que se tornem canais de graça, sinais de vida e sobretudo testemunhas do que aprenderam e estão transmitindo aos filhos. É bem verdade que algumas famílias se comportam como se tal missão fossem delegadas apenas à Igreja.
Portanto pais, sejam vocês, os principais educadores dos vossos filhos, pois a Igreja é continuadora dessa missão, mas a vocês foi dado por nosso Pai a excelência de serem os primeiros responsáveis na educação da fé. Nosso lar, deve ser essa igreja doméstica, santuário da vida e o berço das vocações; espaço de diálogo e amor, onde pelos ensinamentos transmitidos se conhece e se ama a Deus.
Diante da situação que estamos vivenciando, como vocês estão assumindo esta responsabilidade? Será que vosso lar está sendo um local de união ou prisão? Como está sendo a sua convivência familiar?
Em meio aos fazeres diários, sejam domésticos ou profissionais, não podemos esquecer que é necessário reservarmos um tempo e criarmos um ambiente para a conversa amiga com os filhos, a oração em vista do fortalecimento dos laços familiares e os ensinamentos que revelam a verdadeira face de Deus que é um Pai amoroso e a sua importância para nossa vida.
Talvez esta provação que estamos passando, seja necessária para nos reencontrarmos com o Divino e revivermos o Projeto de família que Deus tem para cada um de nós. Dela tiremos uma lição: é Preciso Viver a Vida em Família transmitindo aos nossos filhos os verdadeiros valores, ensinamentos que libertam, transformam, edificam e nos tornam pessoas melhores, verdadeiros cristãos, bons cidadãos, homens e mulheres que pratiquem a “justiça divina.” Pela graça de Deus, ao término dessa experiência, que fique na memória dos nossos filhos quão foi maravilhoso em meio a uma pandemia estarmos mais próximos dos nossos pais. Não deixemos de dar continuidade a esta importante missão. Sejamos promotores da fé e da paz, através da educação dos filhos, pois tudo é graça de Deus. Valorize a igreja doméstica.
Pe. Admilson de Jesus
PSJBatista de Vinhais