Mesmo diante de todo o caos que o país e o mundo estão passando por causa da pandemia da Covid-19, que ocasionou a suspensão das aulas de todas as modalidades de ensino, o Ministério da Educação havia mantido a data a aplicação Enem 2020 para novembro.
Só que após pressão popular e da votação do Senado com 75 votos a favor do adiamento e 1 voto contra os estudantes mais pobres, voto esse do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, o governo de Jair Bolsonaro resolveu adiar o exame com temor de perder ainda mais popularidade, que só tem despencando nos últimos meses com suas decisões nada acertivas.
Conhecendo bem o cenário da educação pública no Brasil, os estudantes mais pobres e da periferia são os que mais vão sofrer. Atualmente 39% das residências no Brasil ainda não têm nenhuma forma de acesso à internet, segundo dados do IBGE, enquanto alunos de escolas privadas tem condições de continuar seus estudos em casa de forma remota, através de plataformas digitais e com professores treinados, os alunos da rede pública não tem as mesmas condições de paridade, não por culpa dos professores e dos gestores, mas do próprio sistema público de ensino.
Quem estuda ou estudou em escola pública sabe o quanto de conteúdo que não é visto durante o ano letivo, sem falar em matérias que não são ofertadas por conta da falta de professores em muitas escolas espalhadas pelo país.
Eu sou mulher, negra, venho de bairro periférico e estudei em escola pública, senti na pele o quanto é defasada a educação pública no Brasil.
Apesar da vitória da juventude com o adiamento do ENEM, 30 dias não são o suficiente, nem de longe esse período vai sanar o tempo que foi perdido com as escolas fechadas por conta da pandemia, não queremos um adiamento indefinido, por isso é tão importante que seja estabelecido um calendário de provas que acompanhe o atraso do ano letivo!
*Brenda Carvalho é graduanda em Direito, empreendedora e desenvolve diversas atividades de cunho social na grande ilha de São Luís.