A quinta-feira (05/03) está sendo marcada por muito nervosismo nos mercados. Mesmo depois duas intervenções feitas pelo Banco Central, o dólar rompeu a barreira dos R$ 4,60 e está sendo negociado a R$ 4,653, novo recorde histórico
Na direção oposta, a Bolsa de Valores está em forte queda, de quase 2%, refletindo todo o temor dos investidores em relação ao impacto do coronavírus na economia global. Eles ressaltam ainda que o vírus pegou o Brasil num momento ruim, com a atividade perdendo força.
O nervosismo é tamanho, que, entre 21 moedas, o real é a que mais perde valor ante o dólar. Ou seja, os donos do dinheiro realmente estão incomodados com a situação da economia brasileira. O presidente Jair Bolsonaro fez piada em relação ao resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu apenas 1,1% em 2019, em vez de apresentar medidas concretas para reverter esse quadro de baixo crescimento.
Empresários preocupados
O real já caiu neste ano mais de 14% frente ao dólar por causa da saída forte de recursos estrangeiros do Brasil. Esperava-se que o capital externo viesse para cá, de olho no potencial econômico do país, mas a desconfiança em relação ao governo é grande. Muitos investidores estrangeiros dizem que Bolsonaro é fonte constante de crise. E isso não é bom para quem investe a longo prazo.
Mesmo notícias boas para a economia, como a possível baixa dos juros pelo Banco Central, de 4,25% para 4% ou mesmo para 3,75% ao ano, jogam contra o pais. É que os investidores veem o diferencial de juros entre o Brasil e as economias mais sólidas como muito baixo. Para eles, não compensa correr riscos no país.
Há um incômodo grande também entre os empresários, que reclamam da instabilidade política criada pelo Palácio do Planalto. No entender deles, o momento é de o presidente Bolsonaro buscar a conciliação com o Legislativo para facilitar a aprovação de reformas importantes, e não de criar problemas.
Para empresários, Bolsonaro está mais parecido do que nunca com Dilma Rousseff, que foi apeada do poder. A petista não aceitava ter uma relação mais próxima com o Congresso e desdenhou dos problemas econômicos que levaram o Brasil a uma das mais severas recessões da história.