Astrônomos descobriram um planeta bastante peculiar, como nenhum outro foi encontrado antes. Ele tem três vezes a massa de Júpiter e percorre um longo caminho oval em torno de sua estrela, mas o que é realmente estranho nele é a distância de sua órbita. Outros exoplanetas gigantes com órbitas bem elípticas já foram encontrados em outras ocasiões, mas nenhum deles estava tão distante de suas estrelas como este.
Sarah Blunt, estudante de pós-graduação da Caltech e principal autora do estudo publicado no The Astronomical Journal, disse que “outros planetas encontrados longe de suas estrelas tendem a ter excentricidades muito baixas”. Na astronomia, a excentricidade indica o quanto a órbita de um corpo é circular ou elíptica, e essa medida é feita em uma escala de 0 a 1. Uma excentricidade de 0,5 é uma órbita bem oval, por exemplo.
“O fato de que este planeta tem uma excentricidade tão alta”, continua Blunt, “nos diz algo sobre alguma diferença na forma como ele se formou ou evoluiu em relação ao outros planetas”.
Os dados usados para essa descoberta foram fornecidos pelos dois observatórios usados pelo California Planet Search (o Lick Observatory no norte da Califórnia e o W. M. Keck Observatory no Havaí) e pelo McDonald Observatory no Texas. Os astrônomos observam a estrela do sistema no qual este planeta se encontra, chamada HR 5183, desde os anos 1990. Não há dados sobre a órbita completa do planeta porque ele completa sua volta aproximadamente entre cada 45 a 100 anos.
“Este planeta passa a maior parte do tempo vagando na parte externa do sistema planetário nesta órbita altamente excêntrica, e depois começa a acelerar e faz um estilingue em torno de sua estrela”, explica Andrew W. Howard, professor de astronomia do Caltech. “Detectamos esse movimento do estilingue. Vimos o planeta entrar e agora está saindo. Isso cria uma assinatura tão distinta que podemos ter certeza de que este é um planeta real, mesmo que não tenhamos visto uma órbita completa”.
Mas por que essa órbita tão estranha?
Os planetas se formam a partir dos discos de poeira e gases que sobraram após a formação das estrelas. Esses discos são planos e percorrem harmoniosamente a órbita na estrela jovem, o que faz com que os planetas que ali surgem também tenham órbitas planas e circulares.
Mas eventualmente alguma coisa faz com que alguns planetas entrem em órbitas instáveis, desalinhadas, e, no caso do HR 5183 b, altamente excêntricas. Isso provavelmente foi causado por algum outro objeto que “chutou” o planeta de sua órbita.
Os pesquisadores sugerem que o HR 5183 b já teve um vizinho de tamanho semelhante. Quando os dois se aproximaram o suficiente, um empurrou o outro para fora do sistema estelar, forçando o HR 5183 b a uma órbita altamente elíptica. “Este outro planeta basicamente teria chegado como uma bola de demolição”, diz Howard, “arremessando qualquer coisa em seu caminho para fora do sistema”.
Fonte: Caltech.
*Por Daniele Cavalcante do CanalTech.