O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), vai utilizar os cofres públicos do Estado, pela terceira vez, em ato de contraponto ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).
Segundo divulgado pelo próprio comunista em seu perfil no Facebook, ele vai homenagear o presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, com a medalha do Mérito de Timbiras, grau Grã-Cruz. Dino não informa na publicação a justificativa para a honraria, que é concedida àqueles que expressaram por meio de ações e gestos, iniciativas para a evolução da terra e do povo maranhense.
A solenidade para entrega pessoal da medalha está prevista para o mês de setembro próximo, e ocorre em meio a declarações de Bolsonaro, dadas na Porta do Palácio do Alvorada, sobre o pai do presidente da OAB, Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, desaparecido em fevereiro de 1974, após ter sido preso por agentes do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura militar, no Rio de Janeiro.
“Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele.”
Em junho, segunda vez em que usou uma personalidade e o Poder Executivo estadual em confronto direto com Jair Bolsonaro, Flávio Dino reconheceu o educador Paulo Freire como um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia. No ato, ele também concedeu a Freire (in memoriam) a medalha na Ordem dos Timbiras, no grau de Grã-Cruz. A honraria foi recebida por Ana Maria Freire, viúva do educador.
Um mês antes da homenagem, Paulo Freire havia entrado na mira do presidente da República, dos filhos de Bolsonaro e do mentor intelectual da família, o ideólogo de direita Olavo de Carvalho. O objetivo era mudar o patrono da Educação brasileira, título concedido por lei em 2012 a Paulo Freire, que dedicou parte de sua vida à alfabetização e à educação da população pobre.
Em março, quando o confronto com Bolsonaro às custas do erário estadual teve início, Flávio Dino assinou projeto de lei que concede pensão especial ao líder camponês Manoel da Conceição, lesionado por ação policial também no período da ditadura militar.
O benefício, concedido ao som da música “Oração Latina”, e em conjunto com outros atos a maranhenses que tiverem direitos violados pelo regime militar, ocorreu logo após o presidente da República haver determinado que fossem feitas comemorações em unidades militares em referência a 31 de março de 1964, data que marca o golpe de que início à ditadura militar no Brasil.
Por Atual7