O engenheiro Allan Kardec Barros Duailibe Filho quer ser vice-reitor da UFMA, mesmo sob a suspeita de corrupção e desvio de recursos públicos na prefeitura de São Luís. O professor que é atual pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da universidade comandou a Secretaria Municipal de Educação (Semed), de janeiro a outubro de 2013, mas não resistiu à série de denúncias do ex-vereador Fábio Câmara, que o representou judicialmente – juntamente com o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) – pela contratação de mais de R$ 16 milhões por meio de dispensas de licitação.
Na época, Câmara havia revelado ainda, após visitas a várias escolas da capital, a precariedade da rede municipal de ensino. Naquele ano, sob a gestão de Alan Kardec, uma escola ficou há dez meses sem professor de Português, por exemplo.
Além das suspeitas de corrupção em supostos contratos ilegais, pesaram também contra Allan Kardec as reclamações de pais de alunos feitas diretamente ao prefeito. Nas visitas aos bairros para vistoriar obras, Edivaldo Júnior vinha sendo muito cobrado pela baixa qualidade da educação em São Luís. O cenário de caos, deixado por Allan Kardec, tem reflexo até hoje.
DÉBITOS DE CAMPANHA
Para justificar sua saída precoce da pasta, o candidato a vice-reitor da UFMA, chegou a lançar uma carta ao prefeito Edivaldo Holanda Júnior. No entanto, ele não incluiu na carta um motivo para a sua saída da Semed. Ou melhor um motivo pouco ortodoxo, digamos.
Na época, o ex-secretário sofreu muita pressão de aliados do prefeito para que efetuasse o pagamento de empresas contratadas por sua gestão por dispensa de licitação. No total, segundo as denúncias, foram R$ 16 milhões em contratos viabilizados sem o procedimento licitatório.
A reportagem apurou que os supostos pagamentos seria para pagar um suposto débito de campanha contraído pelo prefeito de São Luís. O caso veio à tona a partir da relação da Prefeitura com a Construtora Cardoso, que estava no rol de representadas pelo ex-parlamentar ao Ministério Público pela assinatura de contratos com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) por meio dispensa de licitação.
De acordo com as mesmas denúncias, a parte que coube à Construtora Cardoso visava à quitação de débito de um dos doadores do chefe do executivo – um dos mais fortes, por sinal.
Assim como a lista das dispensas, o Ministério Público também chegou a receber informações sobre a relação da empresa – e seus proprietários de fato – e o comitê de campanha do prefeito. O negócio frustrado teria iniciado na gestão de Allan Kardec que agora tenta fazer na UFMA o mesmo que fez na Semed.