Na sessão plenária desta terça-feira (20), a deputada estadual Mical Damasceno (PSD) protagonizou um dos discursos mais contundentes da Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema) nos últimos tempos. Visivelmente indignada, mas mantendo a serenidade, a parlamentar apresentou imagens do circuito interno da Casa para reforçar o que chamou de “denúncia grave e revoltante” sobre prints de uma conversa com conteúdo misógino envolvendo seu nome — e que já ganhou repercussão estadual e nacional.
A troca de mensagens teria ocorrido entre o blogueiro Victor Landim e, supostamente, o vice-governador Felipe Camarão (PT), durante a sessão do último dia 7 de maio. Mical mostrou que Landim esteve presente na galeria da imprensa no momento exato em que discursava na tribuna, o que, segundo ela, comprova a veracidade temporal da conversa vazada.
“Victor Landim estava, sim, na sala de imprensa durante toda a minha fala. As imagens reforçam a autenticidade do relato. Se o vice-governador não tem nada a temer, que entregue seu celular para perícia técnica. Isso esclareceria os fatos rapidamente”, afirmou.
Além de cobrar explicações públicas, Mical questionou o relacionamento entre o vice-governador e o blogueiro. “Se esse homem não tinha boa reputação, por que Camarão mantinha diálogo com ele?”, indagou a parlamentar.
Justiça e responsabilidade
Apesar da gravidade do episódio, a deputada frisou que não se move por ódio, mas sim por justiça e responsabilidade. “Não faço acusações levianas. Aguardo a perícia técnica. Mas não posso ignorar o teor das mensagens e o esforço em silenciar quem as divulgou. Isso diz muito”, declarou.
Ela anunciou que acionará a Justiça para garantir a apuração rigorosa dos fatos. “Quem foi ofendido como eu fui tem o direito de buscar reparação. E quem não deve, não teme”, completou.
Apoio feminino na tribuna
Durante sua fala, Mical recebeu manifestações de solidariedade de várias parlamentares e colegas de plenário. As deputadas Daniella (PSB), Andreia Rezende (PSB), Ana do Gás (PCdoB) e a procuradora da Mulher da Alema, Dra. Vivianne (PDT), expressaram apoio irrestrito.
“A sua dor é a nossa dor. Li aquelas mensagens com espanto e indignação”, declarou Daniella, que também pediu celeridade nas investigações. Andreia Rezende defendeu punição exemplar a quem redigiu as mensagens. “É impossível não se abalar com palavras tão repugnantes”, disse.
Ana do Gás reforçou o pedido para que Camarão apresente seu celular à Justiça. “Se não tem nada a esconder, que colabore com a apuração”, afirmou. Todas as deputadas enfatizaram a importância de combater a violência política de gênero e discursos machistas.
Mical encerrou seu pronunciamento com agradecimento às colegas. “A gente sente quando o apoio é verdadeiro. Obrigada por estarem comigo nesta luta”, finalizou.
Repercussão
O caso segue sendo acompanhado de perto por entidades de defesa da mulher e setores da imprensa. A expectativa agora gira em torno da decisão do vice-governador sobre a entrega do celular para perícia e do desdobramento das investigações.
Enquanto isso, o episódio reacende o debate sobre a violência política de gênero e o uso de redes sociais para difundir ataques contra mulheres em espaços de poder.