O Maranhão registrou uma queda significativa nas mortes relacionadas ao vírus do HIV nos últimos dez anos, refletindo o avanço nas políticas públicas e no acesso ao diagnóstico e tratamento. Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade por aids no estado foi de 3,9 óbitos por 100 mil habitantes em 2023, a menor desde 2013, representando uma redução de 24,2%. Apesar do aumento de 4,5% nos casos detectados em 2023, isso é atribuído à ampliação da capacidade de diagnóstico, especialmente para pessoas que realizaram o teste pela primeira vez.
No mesmo período, o Brasil alcançou mais uma meta estabelecida pela ONU para eliminar a aids como problema de saúde pública até 2030. Em 2023, o país diagnosticou 96% das pessoas estimadas de viverem com o HIV, superando a meta global de 95%. O cumprimento de metas como essa é parte do programa Brasil Saudável, que busca reduzir ou eliminar doenças que afetam populações vulneráveis.
No Maranhão, 397 mortes por aids foram registradas em 2023. A maior parte dos casos de infecção ocorreu em homens (70,7%), em pessoas pretas e pardas (63,2%) e na faixa etária de 20 a 29 anos (37,1%). Homens que fazem sexo com homens representam 53,6% dos casos notificados. Esses dados reforçam a necessidade de políticas públicas direcionadas, especialmente para populações historicamente negligenciadas.
A faixa etária mais afetada pela aids no estado é a de 25 a 29 anos (34%), seguida pela de 30 a 34 anos (32,5%). Além disso, 43,9% dos casos em 2024 ocorreram entre homens homossexuais e bissexuais.
Expansão da PrEP: um marco na prevenção
Um dos principais avanços no combate ao HIV foi o aumento do uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2024, o número de usuários da PrEP no Brasil dobrou, passando de 50,7 mil para 109 mil. No Maranhão, esse número cresceu de 329 em 2022 para 931 em 2024.
A PrEP é considerada uma das estratégias mais eficazes para prevenir a infecção pelo HIV. Segundo Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/AIDS, o aumento no uso da PrEP está diretamente relacionado à maior detecção de novos casos. “Somente com essa iniciativa, aumentamos exponencialmente nossa capacidade de diagnóstico e alcançamos mais uma meta da ONU”, afirmou.
Brasil lidera esforços globais
Além da ampliação no diagnóstico, o Brasil também atingiu a meta de supressão viral, com 95% das pessoas em tratamento antirretroviral controlando a carga viral. O país cumpre, portanto, duas das três metas globais estabelecidas pela ONU com dois anos de antecedência.
Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o avanço reflete o compromisso do governo federal em priorizar essa agenda. “Esse trabalho é resultado do diálogo com a sociedade civil e movimentos que historicamente foram responsáveis por colocar essa pauta no centro das políticas públicas”, destacou.
O próximo desafio será garantir a continuidade do tratamento para as pessoas que foram diagnosticadas recentemente, além de revincular aquelas que abandonaram a terapia durante períodos de menor investimento na saúde pública.
Com os avanços apresentados, o Brasil se firma como referência global no combate ao HIV e aids, mostrando que metas ambiciosas podem ser alcançadas com políticas integradas e foco na equidade.