Dados divulgados nesta quarta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam uma redução expressiva de 30,6% no desmatamento da Amazônia Legal entre agosto de 2023 e julho de 2024. A área desmatada totalizou 6.288 km², o menor índice desde 2015, conforme o sistema de monitoramento Prodes, do Inpe. Este é o segundo ano consecutivo em que o bioma apresenta uma queda no desmatamento, resultado comemorado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e por organizações ambientalistas.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou que, somando os últimos dois anos, a Amazônia apresentou uma redução de 45% na destruição florestal. “Esses resultados representam uma contribuição significativa no contexto global das mudanças climáticas”, declarou a ministra, mencionando eventos climáticos extremos ao redor do mundo, como enchentes na Espanha e ondas de calor na Europa, que reforçam a urgência da preservação ambiental.
A maior taxa de queda no desmatamento foi observada em Rondônia, que registrou uma redução de 62,5%, seguido pelo Mato Grosso (-45,1%), Amazonas (-29%) e Pará (-28,4%). Em contrapartida, Roraima apresentou um aumento de 53% no desmatamento. Entre os 70 municípios considerados prioritários no combate ao desmatamento, 78% mostraram redução.
O governo federal calcula que a redução na destruição florestal impediu a emissão de cerca de 359 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂), gás diretamente associado ao aquecimento global. A cifra foi considerada positiva por organizações da sociedade civil, mas representantes ambientais alertam para a necessidade de acelerar as ações de preservação diante dos desafios climáticos.
Cerrado Também Apresenta Redução
Além da Amazônia, o bioma Cerrado também registrou uma diminuição no desmatamento, com uma queda de 25,7% no último ano, atingindo 8.174 km². Este resultado reverte um ciclo de quatro anos de alta no desmatamento no bioma. Grande parte do desmatamento no Cerrado continua concentrado na região de Matopiba — que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Desses, a Bahia foi o estado com maior redução, de 63,3%.
Mariana Napolitano, diretora de estratégia do WWF-Brasil, celebrou os dados, mas destacou que, frente às tragédias climáticas recentes no Brasil, é essencial que a queda no desmatamento continue. “Precisamos manter e acelerar essas reduções nos próximos anos para evitar os piores cenários climáticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas no Pantanal”, afirmou Napolitano.
Os números refletem os avanços de políticas de fiscalização e proteção ambiental no Brasil. A continuidade da queda no desmatamento, tanto na Amazônia quanto no Cerrado, é vista como uma prioridade para a preservação ambiental e combate à crise climática, enquanto autoridades e especialistas seguem alertando para a necessidade de fortalecer essas iniciativas.