A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deu um passo importante para o combate à dengue no Brasil ao formalizar um pedido ao Ministério da Saúde para produzir a vacina Qdenga em território nacional. A proposta envolve uma colaboração com a farmacêutica japonesa Takeda, através de um acordo de transferência de tecnologia, sob o modelo de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP).
O anúncio foi confirmado pela Fiocruz e pela Takeda, que se comprometeram a compartilhar mais informações após a análise do pedido pelo Ministério da Saúde. Se aprovado, o acordo permitirá que a Fiocruz produza a vacina no Brasil, garantindo maior disponibilidade do imunizante para a população brasileira.
A vacina Qdenga, que teve seu registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023, é um imunizante vivo atenuado que oferece proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a aplicação da Qdenga em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em regiões com alta incidência da doença. No Brasil, a vacina é administrada em duas doses, com um intervalo de três meses entre elas.
Desde fevereiro de 2024, a Qdenga passou a ser disponibilizada na rede pública de saúde, atendendo inicialmente crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Esta faixa etária foi priorizada devido ao alto número de hospitalizações, sendo superada apenas pela população idosa. A imunização de pessoas acima de 60 anos não está autorizada, uma vez que ainda não há estudos clínicos suficientes para esse grupo.
A parceria entre a Fiocruz e a Takeda pode reforçar a distribuição da vacina Qdenga em um cenário preocupante de aumento de casos de dengue. Em 2024, o Brasil registrou 6.547.438 casos prováveis de dengue e 5.613 mortes confirmadas, além de 1.499 óbitos que seguem em investigação, segundo o painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde.
A iniciativa de produção nacional surge em um contexto em que o Ministério da Saúde já havia adquirido quatro milhões de doses da Qdenga para 2024 e prevê a distribuição de nove milhões de doses para 2025. A produção no Brasil pode permitir uma ampliação mais rápida do acesso ao imunizante, ajudando a proteger mais pessoas contra a doença.
Além da vacina Qdenga, o Instituto Butantan também está trabalhando no desenvolvimento de um imunizante contra a dengue. A expectativa é de que o pedido de registro junto à Anvisa seja submetido ainda em 2024, o que poderá aumentar as opções de vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) para o combate à dengue.
A produção local da Qdenga pela Fiocruz, em parceria com a Takeda, e a possível entrada de um novo imunizante pelo Instituto Butantan representam avanços significativos na luta contra a dengue no Brasil, reforçando os esforços para controlar a doença e proteger a população.