No primeiro semestre de 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 14.352 transplantes, um aumento em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 13,9 mil procedimentos. No entanto, a recusa familiar continua sendo um dos maiores obstáculos à doação de órgãos no Brasil. De cada 14 pessoas que manifestam o desejo de doar, apenas quatro efetivam a doação.
Para combater essa resistência, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Doação de órgãos: precisamos falar sim”, no Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro. A iniciativa busca incentivar o diálogo sobre o tema e desmistificar o processo de doação, abordando questões como crenças religiosas, receio de manipulação do corpo e desconfiança no diagnóstico de morte encefálica.
Principais dúvidas sobre a doação de órgãos
1. O que é a doação de órgãos? A doação de órgãos é o ato de ceder partes do corpo, como rins, fígado, coração e pulmões, para transplantes em pessoas que precisam. A doação pode ocorrer em vida (em casos de rim, parte do fígado, pulmão e medula óssea) ou após a morte, mediante diagnóstico de morte encefálica ou parada cardiorrespiratória.
2. Por que doar órgãos? A doação pode salvar vidas e melhorar a qualidade de vida de pacientes que necessitam de transplantes de órgãos vitais ou não vitais, como rins. Além disso, ela oferece uma nova chance para quem enfrenta doenças graves.
3. Como se tornar um doador? No Brasil, o mais importante é comunicar à família o desejo de doar, já que a lei exige o consentimento familiar. Não é necessário registrar essa vontade em cartório ou documentos oficiais.
4. Quem pode ser um doador vivo? Qualquer pessoa em boas condições de saúde, maior de idade e juridicamente capaz. Parentes até o quarto grau e cônjuges podem doar sem restrições, enquanto não parentes precisam de autorização judicial.
5. O que é a morte encefálica? A morte encefálica é a parada definitiva do funcionamento do cérebro, irreversível mesmo com o uso de aparelhos. Esse diagnóstico é essencial para a doação de órgãos após o falecimento e segue rigorosos critérios médicos.
6. Quem recebe os órgãos? Os órgãos doados são destinados a pacientes que estão em uma lista de espera unificada e informatizada, regulada por critérios técnicos como urgência, compatibilidade sanguínea e tempo de espera.
Recusa familiar: o maior obstáculo
A negativa familiar é um dos principais motivos para que a doação não aconteça. Aproximadamente metade das famílias brasileiras recusa a retirada de órgãos de entes falecidos. Por isso, o Ministério da Saúde destaca a importância de falar abertamente sobre o tema para garantir que o desejo de doar seja respeitado.
Com mais de 43 mil brasileiros aguardando por um transplante, a doação de órgãos continua sendo uma questão de conscientização e generosidade, capaz de transformar vidas.