A definição precisa do Guaíba, no Rio Grande do Sul, como rio ou lago tem sido motivo de debate e divergência entre especialistas. Para alguns, o Guaíba apresenta características de ambos, com seu comportamento variando em diferentes momentos e locais. Essa questão não apenas desperta curiosidade científica, mas também tem implicações legais e ambientais.
O professor Joel Avruch Goldenfum, diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), destaca a dualidade de comportamento do Guaíba. Ele observa que as margens do Guaíba muitas vezes se assemelham a um lago, com recirculação de água e baixa profundidade, enquanto o canal principal comporta-se como um rio, especialmente devido ao influxo das águas do Rio Jacuí. Essa dualidade gera interpretações distintas sobre sua classificação.
Do ponto de vista legal, a distinção entre rio e lago é significativa. Se o Guaíba for considerado um rio, implica em regulamentações que exigem uma área não edificada considerável ao longo de suas margens. Se for considerado um lago, as restrições são menos severas. No entanto, a definição precisa tem sido objeto de disputa legal e ambiental.
O professor Rualdo Menegat, coordenador-geral do Atlas Ambiental de Porto Alegre, argumenta que, do ponto de vista científico, o termo correto é Lago Guaíba. Ele ressalta que o sistema de lagos e lagunas na região costeira do Rio Grande do Sul, que inclui o Guaíba, está interconectado com o Oceano Atlântico, o que justifica sua classificação como lago.
Por outro lado, o professor Jaime Federici Gomes, da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, reconhece que o Guaíba exibe características tanto de rio quanto de lago. Ele prefere usar o termo “Lago Guaíba”, enfatizando as características bidimensionais de seu escoamento.
Em última análise, a decisão sobre a classificação do Guaíba como rio ou lago pode recair sobre questões legais, já que existem disputas judiciais sobre o assunto. Enquanto isso, o debate científico continua, alimentando uma discussão fascinante sobre a natureza e o comportamento desse importante corpo d’água na região sul do Brasil.