Neste sábado, o Brasil perdeu um de seus grandes tesouros culturais com o falecimento do renomado escritor, desenhista e jornalista brasileiro, Ziraldo Alves Pinto, aos 91 anos. Ziraldo veio a óbito em seu apartamento no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro, enquanto dormia, por volta das 15h, conforme informado pela família. Sua morte representa uma perda significativa para a literatura e cultura brasileira, deixando um legado marcado por personagens icônicos e contribuições importantes para o jornalismo e a luta pela democracia.
Ziraldo era reconhecido mundialmente como o criador do famoso personagem O Menino Maluquinho, além de outros queridos personagens da Turma do Pererê, e por obras como Bichinho da Maçã, Flicts e Os Meninos Morenos. Sua habilidade em cativar crianças e adultos através de suas histórias o tornou um dos escritores infantis mais celebrados do Brasil.
Além de sua prolífica carreira como escritor, Ziraldo foi um dos fundadores do emblemático jornal O Pasquim nos anos 1960, um veículo que desempenhou um papel crucial na resistência à ditadura militar no Brasil. Sua coragem em enfrentar o regime autoritário resultou em sua prisão após a edição do Ato Institucional nº 5, em 1968, sendo levado para o Forte de Copacabana por sua oposição ao regime.
Mineiro de Caratinga, Ziraldo nasceu em 1932 e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949, onde consolidou sua carreira como desenhista, caricaturista, cartunista, ilustrador, jornalista e escritor. Atualmente, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro abriga a exposição interativa Mundo Zira, uma homenagem à sua obra que encanta gerações.
O Menino Maluquinho, sua criação mais célebre, surgiu nos anos 1980 e foi inspirado em seu próprio filho. O personagem conquistou o coração de milhões de leitores e ganhou adaptações para o cinema, teatro e televisão, tornando-se um fenômeno cultural no Brasil e no exterior.
Apesar de ter encerrado suas atividades criativas em 2018 após sofrer um AVC, Ziraldo continuou sendo uma figura influente na promoção da leitura, como evidenciado pelos programas educativos que apresentou na TV Brasil. Seu legado perdurará através de suas obras imortais e do Instituto Ziraldo, que está sendo estabelecido em seu antigo estúdio, no Rio de Janeiro, como uma forma de preservar sua memória e inspirar futuras gerações.
Em uma emocionante despedida, Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, lamentou a perda de Ziraldo, expressando sua dor e ressaltando a importância do amigo para a literatura e a cultura brasileira. “Perdi mais que um grande amigo. Perdi um irmão. Das letras, dos traços e da vida! Mas ele estará sempre em meu coração. E nos corações de milhões de brasileiros maluquinhos de todas as idades, que seguirão apaixonados por sua obra. Viva, Ziraldo!”, lamentou Mauricio de Sousa.