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O programa “Contraplano” desta terça-feira (29), na TV Assembleia, debateu a relevância das ações de incentivo ao hábito da leitura. Participaram a diretora da Biblioteca Pública Benedito Leite, Aline Nascimento; a professora aposentada e idealizadora do projeto “Leve, Leia e Doe”, Socorro Sales, e a jornalista e criadora de conteúdo Bárbara Hellen.
O apresentador Fábio Cabral iniciou contextualizando a partir de dados da última grande pesquisa sobre o assunto, realizada pelo Instituto Pró-Livro e divulgada em 2019. O levantamento aponta que quase metade dos brasileiros não tem o hábito de ler livros. Tratou ainda de outra pesquisa, de caráter internacional e feita com crianças do quarto ano do ensino fundamental, que concluiu que a habilidade de leitura das crianças brasileiras está entre as piores do mundo.
Para Aline Nascimento, não há uma receita para fazer uma pessoa gostar de ler. “É preciso que exista um espaço de leitura para poder haver o trabalho de mediação de leitura. Assim, podemos estimular a leitura e conquistar leitores em todas as faixas de idade. Mas, precisamos contar com políticas públicas de incentivo à leitura”, frisou.
Por sua vez, Bárbara Hellen declarou que uma forma muito boa de estimular o hábito da leitura é se conversar sobre o livro. “Pegar esse assunto e trazer para as rodas de conversa. Percebo que, às vezes, fica muito distante da população. Aí fica difícil. Diferente de quando você comenta sobre um livro que leu. Assim, fica um pouco mais próximo, se conversar sobre livros que estão sendo lidos”, acentuou.
Aline Nascimento destacou que está havendo um crescimento dos clubes de leitura. “Nesses clubes, as pessoas se organizam e divulgam o nome do livro do mês, e tudo mundo vai ler e discutir, e essa roda só aumenta. Trocam ideias e tiram dúvidas. Compartilham leituras”, complementou.
Disciplina
Socorro Sales disse que essa roda de leitura tem que começar na escola. Ela defendeu que a leitura exige disciplina. “É como Paulo Freire fala: tem que ter amor àquilo que você ler, caso contrário não compensa. Esse meu projeto de distribuir livros dentro do ônibus, eu fiz baseado nisso. Para se entender a sociedade que vivemos, você tem que ler. A causa econômica é uma das que explicam nosso baixo nível de leitura”, destacou.
Aline Nascimento afirmou que quanto mais cedo o livro for apresentando às pessoas, mais cedo ela vai adquirir o hábito de leitura. “A criança, mesmo quando ainda não alfabetizada, consegue ler as imagens. Então, quanto mais cedo se ofertar livro para as acrianças, melhor. Na Benedito Leite, temos a Biblioteca do Bebê, com livros de imagens, que atende ao público infantil de 0 a 4 anos”, esclareceu.
Políticas Públicas
Para Aline Nascimento, as políticas públicas são instrumentos fundamentais de incentivo ao hábito da leitura.
“Conseguimos com que bibliotecas de 50 municípios desenvolvessem atividades em comemoração ao bicentenário de Gonçalves Dias. As políticas públicas devem garantir mediadores de leitura e o apoio à comunidade. A cadeia criativa do livro deve estar inserida nessas políticas públicas, assim como se deve diminuir o valor do livro”, assinalou.
Livro Digital
Bárbara Hellen comentou sua experiência de estimular o hábito de leitura. “A gente passa muito tempo no celular. Será que meia hora desse tempo não pode ser dedicado à leitura? Para você ser um leitor não é preciso você passar o dia todo lendo. Decidi compartilhar minhas leituras com postagens no Instagram. Tem sido uma experiência muito válida. Consegui transformar a leitura num hábito coletivo”, acentuou.
Bárbara Helen defendeu que se defina um momento do dia para ficar sem o celular e focar na leitura. “Seja no Kindle ou no físico, é preciso que tenhamos um momento para a leitura. A hiperconexão na internet tem contribuído para afastar as pessoas do hábito da leitura”, sublinhou.
Por sua vez, Socorro Sales reconheceu as vantagens do livro virtual como, por exemplo, o de ser facilmente carregado, mas destacou: “O livro físico também tem as suas. O cheirinho do livro, poder visualizá-lo e emprestá-lo. Eu, particularmente, gosto mais do físico”, afirmou.
Para Aline Nascimento, o importante é a pessoa ler e que essa leitura possa humanizá-la e transformá-la. “Nem todo muito tem essa disciplina. No mundo inteiro, as bibliotecas tiveram uma queda no número de frequentadores por conta do livro digital. Independente do livro ser digital ou físico, o importante é que as pessoas leiam e se formem cada vez melhor para exercerem sua cidadania”, defendeu.
Fonte: Agência Assembleia