O governador Flávio Dino (PCdoB) admitiu ontem, ao programa jornalístico GloboNews em Ponto, do canal fechado GloboNews, o aumento da extrema pobreza no Maranhão. Ele apontou a forte recessão econômica como responsável pela queda nos indicadores, que colocou o estado como o único da federação em que mais da metade da população vive em situação de pobreza.
O comunista foi entrevistado por uma bancada formada pelos jornalistas Aline Midlej, Octavio Guedes e Júlia Guimarães. Dino também foi confrontado por temas como a situação alarmante de analfabetismo e o inchaço da máquina pública – com o comprometimento da saúde fiscal do estado -, e o apoio do PCdoB a candidatura de Rodrigo Maia na Câmara Federal.
Ao se posicionar sobre o aumento da pobreza durante a sua gestão, como aponta levantamento do IBGE, Flávio Dino admitiu o problema, e disse que a queda nos indicadores ocorreu em decorrência da recessão econômica.
“O estudo ao qual você se refere mostrou, infelizmente, o aumento da extrema pobreza em todo o país. No Brasil cresceu a extrema pobreza e em todos os estados, em razão da brutal recessão econômica. É claro que os estados que têm historicamente, uma maior dependência das transferências constitucionais federais, notadamente chamadas de FPE e FPM sofrem mais duramente com uma recessão econômica. Há privação de fontes fundamentais de recursos para implementação de políticas públicas. Nós estimamos que o Maranhão perdeu, nesse período de superrecessão, de hiperrecessão, mais de R$ 1 bilhão de receitas federais vinculadas em razão da diminuição da arrecadação federal de imposto de renda […]”, disse.
De acordo com o comunista, será possível reverter o quadro, com a retomada do crescimento da economia. “Então isso é um fenômeno nacional [aumento da pobreza] e eu acredito que com a retomada da economia, o que já está ocorrendo há algum tempo, creio que irá continuar”. Independentemente dos fatos próprios da política, acho que nós já temos uma trajetória de retomada da economia, crescimento do PIB e por conseguinte o aumento da arrecadação.
Com isso, os governos que desejarem combater a desigualdade, o que é o nosso caso, terão condições melhores”, completou.
Educação
Flávio Dino também tentou explicar o elevado índice de analfabetismo no Maranhão. Ele disse que criou um programa de alfabetização no estado – que alcança adultos e idosos -, e acrescentou que o objetivo é aumentar a alfabetização de crianças que estão em idade escolar adequada.
“Nós adotamos um método de alfabetização chamado ‘Sim eu posso’ bastante exitoso. Conseguimos alfabetizar mais de 100 mil pessoas, esse resultado conjugado com o programa federal, e com isso conseguimos reduzir a taxa de analfabetismo. Essa taxa seria ainda maior, na verdade, nós conseguimos cair de 21% para algo em torno de 18%. Ainda, obviamente é um percentual obsceno, eu diria, muito alto. Mas nós vamos continuar com essa política, e buscando corrigir desde a base. Alfabetizar os adultos e os idosos, que foi o que nós fizemos no primeiro mandato, mas também com o pacto estadual pela aprendizagem, buscar corrigir na base, ou seja, no apoio aos municípios, na educação infantil e no ensino fundamental para que haja correção da chamada idade/série”, finalizou.
Saiba Mais
O governador Flávio Dino também se posicionou sobre o eventual apoio do PCdoB, o seu partido político, à candidatura do deputado federal Rodrigo Maia (DEM) à presidência da Câmara. Maia é o candidato apoiado pelo PSL, do presidente da República, Jair Bolsonaro, a quem Dino se refere como oposição. Ele disse que não se trata de se aliar ao PSL, mas de apoiar um candidato que tem defendido a institucionalidade do Legislativo. “Nós temos divergências ideológicas em relação ao presidente Rodrigo Maia, mas reconhecemos que ele tem sido, do ponto de vista institucional, correto na aplicação do regimento interno, na garantia dos espaços para a oposição e na garantia do respeito às regras do jogo, do funcionamento da Câmara”, disse.
Por Linhares Jr.