Exercer o direito do voto é uma ferramenta importante, pois o sentido da democracia está na possibilidade de se exercer uma escolha consciente e igualitária. Isso porque a opinião de cada brasileiro tem o mesmo valor, independente da cor da pele, classe social, localidade geográfica em que reside, opção sexual, grau de escolaridade e tantas outras diferenças que fazem do Brasil um país repleto de diversidade.
E é justamente o respeito à diferença que o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras exigirá de cada cidadão, como um exercício árduo, pois a polarização acentuada tomou conta do país e exaltou os ânimos das pessoas.
O voto é um instrumento fundamental à sociedade democrática, mas a escolha de voto não significa extrapolar os limites da razoabilidade, da consciência social, dos vínculos familiares. Não pode fazer com as pessoas cheguem ao ponto de perder amizades, brigar com familiares ou até mesmo partir para violência por causa de um candidato ou de outro. Cada cidadão tem o direito de analisar a realidade sob a sua ótica, sob a sua percepção, e escolher o lado que mais lhe agradar, que seja condizente com os valores que acredita.
Não é raro encontramos notícias sobre violência por parte dos eleitores devido a divergências políticas. Essa violência pode ocorrer de forma aberta ou velada, com a intenção de atingir finalidades específicas. Geralmente é utilizada para deslegitimar, causar danos, obter vantagens ou violar direitos, com intencionalidade política.
Diante disso, mais da metade dos eleitores brasileiros evitam compartilhar opiniões políticas nas redes sociais. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Datafolha no dia 30 de setembro, 53% dos eleitores que têm redes sociais mudaram o comportamento online nos últimos meses por causa de divergências políticas, ou seja, muita gente tem evitado se manifestar publicamente por medo de represálias ou brigas com amigos e familiares.
A grande polarização política nacional leva pessoas a brigarem em grupos de WhatsApp, a desfazerem amizade nas redes sociais e divide o país, mas a verdade é que, independentemente de quem for eleito no segundo turno das eleições presidenciais, ele terá que continuar dialogando com políticos de outros partidos e ideologias para poder continuar governando. É impossível governar sozinho, sem diálogo, sem debate democrático. E assim como os governantes, os eleitores também precisam entender que democracia é a arte do diálogo, da divergência, do respeito às diferenças. Brigar e desfazer laços afetivos por causa de escolhas políticas é uma atitude irracional e antidemocrática, que só traz prejuízos e isolamento a quem opta por este caminho. É preciso agir com calma e respeito às diferenças, por mais difícil que pareça ser.