Um grupo de pesquisadores do Center for Safe Medication Practice and Research (CSMPR) estabeleceu, a partir de uma revisão sistemática de estudos, uma relação entre o uso de antipsicóticos e o desenvolvimento de câncer de mama. Publicado no Epidemiology and Psychiatric Sciences, o levantamento avaliou pesquisas com mais de 2 milhões de indivíduos e ressaltou a importância de avaliar o risco-benefício na prescrição dos tipos de medicamentos.
Conforme divulgado pelo Medical Xpress, os antipsicóticos são comumente prescritos para pacientes com uma variedade de transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno depressivo e demência.
A incidência elevada de câncer de mama tem sido comumente relatada em pacientes com esquizofrenia e transtorno bipolar, e especula-se que o uso de antipsicóticos explique potencialmente pelo menos parte do risco aumentado – a revisão concluiu que os remédios podem potencializar esse risco em mais de 30%.
A explicação para o risco aumentado, de acordo com os resultados, seria o desenvolvimento de problemas como a hiperprolactinemia (anomalia causada pela produção elevada de prolactina, conhecida também como hormônio do leite). O ganho de peso e o estilo de vida menos saudável também foram associados como fatores agravantes relacionados aos medicamentos.
Os dados ainda mostraram que o uso prolongado (de ao menos cinco anos) dos fármacos, principalmente de antipsicóticos com propriedades de elevação da prolactina, pode elevar o risco de câncer de mama em quase 60%.
Os cientistas destacaram que o estudo apontou o câncer de mama como um potencial evento adverso a partir do uso de medicamentos antipsicóticos, mesmo que seja raro. Outras complicações que também podem colaborar para o câncer, somadas aos antipsicóticos, são; obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
“Com o uso cada vez mais prevalente de antipsicóticos em todo o mundo, incluindo o uso off-label [uso de drogas farmacêuticas que não seguem as indicações do fármaco], acreditamos que uma avaliação clínica abrangente deve ser feita para os pacientes com base no perfil geral de segurança dos antipsicóticos antes da prescrição”, comentou o Dr. Francisco Lai Tsz-tsun, autor do estudo.
O pesquisador acrescentou que a revisão deixa um alerta para que antipsicóticos com propriedades conhecidas de elevação da prolactina sejam evitados, principalmente em pacientes que tenham pré-disposição ao câncer de mama – o que chama atenção de médicos para a importância de conhecer o histórico do paciente. Ainda assim, o monitoramento do nível de prolactina também deve ser considerado.
Fonte: Olhar Digital