Por Abdon Marinho
Leio nas redes sociais que o governador Flávio Dino faz severas críticas ao fato do juiz federal Sérgio Moro ter sido convidado e ter aceitado o convite do presidente eleito, Jair Bolsonaro para integrar seu governo no cargo de ministro de Estado da Justiça.
Em princípio entendo que a magistratura (assim como o ministério público) deva ser ocupada por pessoas vocacionadas e desprovidas de qualquer interesse político. Ao juiz não deve pairar quaisquer dúvidas quanto à imparcialidade de seus vereditos. Isso não quer dizer que ocorreu ou ocorra, entretanto é saudável que seja assim.
Entretanto soa como incompreensível que as críticas partam justamente de sua excelência, o governador Dino.
Ora, ele próprio, é fato público, antes do ingresso na magistratura tinha ativa participação na política partidária, quando saiu, em 2006, foi direto para o palanque disputar um mandato de deputado federal.
Nem por isso, pelo menos não tenho recordação, ninguém nunca pois em dúvida a lisura de suas decisões. Por que relação ao juiz Moro seria diferente? Por que tal crítica parte justamente de quem deixou a magistratura em situação até mais delicada (filiar-se a um partido e ser candidato)?
Embora, como disse acima, tenha resistências a juízes “não vocacionados”, uma coisa é deixar a magistratura para ocupar um cargo executivo de alta relevância, outra coisa é tirar a toga de juiz e vestir a camiseta de candidato.
Os críticos, em especial, sua excelência, talvez saibam coisas que não sei. O que sei são apenas as lições que aprendi com meu pai que, com sua sabedoria de homem do campo ensinava: “o bom julgador, por si julga os outros”.
Abdon Marinho é advogado, especialista em Direito Eleitoral