O ex-presidente José Sarney recebeu em sua casa em Brasília o ex-todo poderoso ministro lulista José Dirceu. Foi na própria terça-feira em que, pela manhã, o presidente Bolsonaro, acompanhado do General Luiz Eduardo Ramos, chefe do Gabinete Civil da presidência, foi visitá-lo. A experiência política de Sarney, e, sobretudo, a capacidade de conciliação demonstrada durante seu mandato presidencial, quando foi o sustentáculo da democracia em momentos de crise, fazem do ex-presidente uma figura importante nesse momento.
Tanto um quanto outro foi atrás dos conselhos de Sarney, e não imaginavam que, à tarde daquele dia, a crise político-militar desencadeada pela CPI da Covid traria novos desdobramentos ao já tumultuado processo político brasileiro.
Dirceu foi em nome do ex-presidente Lula, de quem Sarney é amigo, e a conversa foi claramente política. Bolsonaro soube que Sarney andara adoentado e fez uma visita de cortesia. Conversaram sobre antigos chefes militares – Sarney assumiu a presidência com a doença de Tancredo Neves graças sobretudo à interpretação constitucional do General Leonidas Pires Gonçalves, então ministro do Exército -, e o mais próximo que Bolsonaro chegou de política foi dizer que enfrentava “esses problemas aí”.
Posteriormente, Sarney considerou desnecessária a nota dos militares contra o senador Omar Aziz, presidente da CPI, que havia se referido a uma “banda podre” dos militares, e chama atenção para a atuação de Aziz à frente da CPI, sobretudo diante desse imbroglio militar, que o está transformando em um político de caráter nacional.
Os ex-presidentes, aliás, estão tendo papel ativo no desenrolar do debate em torno da eleição do ano que vem. Fernando Henrique teve um encontro com Lula recentemente que causou grande repercussão nos meios políticos, contra e a favor da aproximação dos dois.
O ex-presidente Michel Temer é o curador de uma live que o General Santos Cruz, ex-assessor de Bolsonaro e hoje destacada voz de oposição ao governo fará amanhã, com o título sugestivo: “O futuro de uma Nação”, organizada pela ONG Parlatório.
Fonte: O Globo