Remédio é um dos apontados para cura da doença no Brasil
Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, segundo notícia publicada nesta quarta-feira (23) pela BBC, estão testando o uso de Ivermectina por pessoas com sintomas de covid-19. Os cientistas alertam, no entanto, que seria prematuro recomendar o medicamento contra a doença causada pelo novo coronavírus.
Denominado Principle, o estudo vai fazer uma comparação das pessoas que receberam o medicamento (que ainda não tem eficácia comprovada contra covid-19) com pacientes que recebem os cuidados normais do sistema público de saúde britânico, o NHS (equivalente ao SUS brasileiro). A mesma pesquisa mostrou que Azitromicina era ineficaz contra a Covid.
A BBC destaca que, mesmo sem ter eficácia comprovada contra a Covid, a Ivermectina se popularizou com a chegada da pandemia de covid-19. A partir do segundo semestre de 2020, ela passou a ser apontada como um possível tratamento contra o novo coronavírus, apesar da falta de evidências científicas suficientes para dar suporte a essa afirmação.
No Brasil, o medicamento é defendido, sem base científica, pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como estratégia de combate ao coronavírus, dentro do chamado “kit covid” ou “tratamento precoce”. No entanto, diretores de Unidades de Terapia Intensiva de hospitais de referência no Brasil ligam ‘kit Covid’ a maior risco de morte.
Esse mix farmacológico não é reconhecido ou chega a ser contra-indicado por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e da Europa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Medicamento – Usada para tratar infecções parasitárias, como a oncocercose (cegueira do rio), transmitida por moscas, a ivermectina também demonstrou matar vírus em laboratório – porém em doses muito mais altas do que normalmente seriam prescritas para pessoas.
Aurora Baluja, anestesiologista e médica intensivista, lembra que a Ivermectina costuma ser administrada em partes do mundo onde há alta incidência de infecções parasitárias.
Pacientes com Covid que também estão lutando contra uma doença parasitária ao mesmo tempo provavelmente ficam mais vulneráveis e isso poderia explicar alguns de seus efeitos aparentemente positivos.
Embora tenha havido alguns resultados “promissores” iniciais de pequenos estudos observacionais, o pesquisador-chefe adjunto do estudo Principle, professor Richard Hobbs, disse que seria “prematuro” recomendar a Ivermectina para Covid.
Os estudos observacionais analisam as pessoas que já estão tomando o medicamento, em vez de administrá-lo a um grupo representativo da população. Portanto, eles deixam de levar em conta as diferenças nos tipos de pessoas que podem escolher aquele tratamento e outros fatores que podem ter influenciado a disseminação do vírus na época.