Se existe alguma explicação convincente para o gasto de R$ 11,5 milhões liberado mês passado pela gestão Flávio Dino (PCdoB) com montagem de palcos, som, iluminação, tendas, camarins, camarotes e outras estruturas para eventos, em plena pandemia do novo coronavírus, é preciso que o próprio governador venha logo a público apresentá-la. Em tempos em que o distanciamento social é apontado como a forma mais eficaz de reduzir o risco de transmissão da Covid-19 e afastar a ameaça de colapso no sistema de saúde, o governo comunista homologou o quinto aditivo a um contrato milionário, firmado em 2018, cuja finalidade é justamente dar suporte para que ocorram as temíveis aglomerações, uma perigosa contradição, para dizer o mínimo.
O mais recente aditivo ao contrato em questão, firmado entre a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra) e duas empresas – uma delas contratada e a segunda, subcontratada -, teve sua resenha publicada na edição do Diário Oficial do Estado (DOE) de 22 se fevereiro deste ano. O objeto deixa clara a finalidade do gasto: locação de equipamentos de infraestrutura de eventos, com mobilização, montagem, instalação, desmontagem e desmobilização de equipamentos, com fornecimento de insumos e mão de obra.
Portanto, salvo um motivo justificável, aditivar um contrato com tal objetivo no momento em que os eventos não são recomendáveis e estão, até mesmo, passíveis de punição do mesmo governo que o autoriza, é algo descabido. Já que o Maranhão, com seus mais de 7 milhões de habitantes, está sob a vigência de um novo decreto baixado pelo próprio Flávio Dino para tentar conter o avanço do novo coronavírus, que impõe uma série de restrições a diversas atividades, sobretudo aquelas que favoreçam ajuntamento de pessoas, qual a intenção de um ato desses?
Itens contratados
Alguns itens e seus respectivos preços chamam atenção nas planilhas montadas para o pagamento do aditivo contratual. Só com o aluguel de oito modelos de palco, o gasto chega a quase R$ 4 milhões. Com sonorização e iluminação, a cifra a ser paga com dinheiro dos cofres públicos estaduais se aproxima de R$ 6 milhões. A locação de tendas custará algo em torno de meio milhão. Outra despesa chamativa, de mais de R$ 300 mil, custeará o aluguel de 20 camarins mobilados e climatizados e de 2 mil camarotes.
A julgar pelo cenário atual da pandemia, é possível que os itens locados não sejam utilizados tão cedo pelo governo ou mesmo não venham a ser fornecidos, pois o término da crise de saúde e sanitária e o restabelecimento da normalidade e da segurança para a realização de eventos continuam imprevisíveis.
Quanto o gasto, este já foi autorizado e liberado, conforme o aditivo assinado, o quinto ao mesmo contrato, em menos de três anos, repita-se.
Abaixo, a resenha do aditivo e as respectivas planilhas:
Fonte: O Estado