Em dezembro de 2014, faltando vinte dias para tomar posse como secretário estadual de Agricultura, o hoje deputado estadual licenciado Márcio Honaiser (PDT), ao participar, em Arari, do início da colheita da safra 2014/15 transmitiu um recado do futuro governador, Flávio Dino (PCdoB). Diante dos números consolidados da safra 2013/14, que aponta para um volume próximo de meio milhão de toneladas para o arroz, disse que o governo não iria aceitar uma produção tão insignificante do grão.
Segundo Honaiser, que hoje é secretário de Desenvolvimento Social, a meta do futuro governo para as próximas safras seria para colheitas de, no mínimo, 1 milhão de toneladas do grão, o que seria suficiente para abastecer tanto o mercado interno quanto exportar para outros estados e países.
Pelos cálculos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para abastecer o mercado local, são necessárias 628,2 mil toneladas/ano, e considerando o consumo médio de 95,6 kg/habitante/ano, logo a meta a ser atingida significaria dizer que iriam sobrar pelo menos 375 mil toneladas para exportação.
Queda – Uma das estratégias do Governo do Estado para atingir sua meta foi investir R$ 3 milhões no projeto de arroz irrigado de Salangô, no município de São Mateus, onde há um sumidouro de dinheiro desde os anos 1990.
Na gestão anterior à de Dino, chegou a ser negociada transferência dese projeto para a iniciativa privada, mas o governo atual insistiu que ele funciona bem é com dinheiro público. Este ano, contudo, nem mesmo as bombas de irrigação estão funcionando porque as peças já foram roubadas.
Passados sete anos desta previsão que mereceu aplausos dos agricultores presente ao evento de Arari, o quadro é totalmente diferente, pois os dados da Conab sobre a safra 2019/20 apontam que a colheita de arroz no estado será de, no máximo, 153,8 mil toneladas, ou seja, em vez de aumentar de aumentar 519 mil, diminuiu 336 mil toneladas, ainda assim o governador Flávio Dino não se constrangeu de opinar sobre a crise do arroz, quando saíram as primeiras notícias de aumento de preços e ameaça de desabastecimento do grão.
“Nem adianta perguntar qual o caminho a Bolsonaro. Ele nada sabe e de nada entende, como já declarou várias vezes”, disse o governador em sua página no Facebook, sem entrar em detalhes porque no seu estado a produção não aumentou, e caiu.
Além do arroz, caiu também no Maranhão a produção de feijão, que em 2014 era de 36,7 mil toneladas e este ano chegou a 27,1 mil toneladas, o que representa uma diminuição de 27,1%.
Participação – Ao contrário desses cereais, que são considerados essenciais para abastecer a mesa do maranhense, as produções de milho e soja subiram consideravelmente, quase todas elas destinadas ao mercado internacional.
Para que se tenha ideia, em 2014, quando a safra total do Maranhão foi de 3,818 milhões de toneladas, o milho, com 1,362 milhão de toneladas, tinha uma participação de 35,6% da colheita de grãos no Maranhão. Já em 2020, com a produção total chegando a 5,6 milhões de toneladas, o milho, com 2,195 milhões de toneladas, responde por 39,1%.
Já a soja, que em 2014 participou com 49,6%, com uma colheita de 1,897 milhão de toneladas, nesta safra, com 3,130 milhões de toneladas, responde por 55,8%, ou seja, mais da metade da safra total de 5,6 milhões de toneladas.
Para Luiz Figueiredo, consultor da Federação de Agricultura, não há mistérios, pois o agricultor vai para onde é mais lucrativo. O arroz, ensino, tem praticamente um tipo de cliente, o consumidor final, enquanto milho e soja são disputados por fabricantes de ração, óleo, etanol e diversos fabricantes de subprodutos, portanto há uma disputa para adquiri-los, e demanda sempre despertar aumentar a oferta. Além disso, os produtores locais de arroz enfrentam concorrência de países da África, Ásia e outros continentes.
Por Aquiles Emir via Maranhão Hoje